O presente estudo aborda os vínculos entre colonos, carreteiros e comerciantes numa região de imigrantes e de seus descendentes no Estado do Rio Grande do Sul. Esse tripé, tão presente na região colonial, associado à família, às profissões variadas, ao trabalho na roça e ao mercado consumidor, constitui a organização econômica e o perfil de trabalho presente no meio rural da região da Encosta da Serra. Os rios, as matas virgens, a topografia montanhosa, o solo fértil, a colônia, a mobilidade espacial e ocupacional do colono, seus vínculos regionais e étnicos, os produtos comercializáveis formam o cenário econômico de natureza física e social dos primeiros tempos de vida social nessa região. Os meios de transporte são fundamentais para o domínio econômico e a visualização do espaço natural.
A carroça/carreta, associada aos animais, aos produtos, ao mercado e aos seus condutores foi, por mais de meio século, o veículo por excelência promotor da interligação espacial na região da Serra. É impossível entender a trajetória do perfil rural/ agrícola dessa região, a presença maciça da agricultura familiar, da policultura, de grandes agroindústrias, bem como da constituição econômica dos municípios e da história de muitos de seus empreendedores, sem ter presente o período em que as carretas recortavam esse espaço. Os caminhões, as ferrovias, as técnicas modernas de produção agrícola, a constituição do espaço urbano e de seus vínculos modernizantes vieram redefinir a organização da vida no meio rural da região. No entanto, as bases disso tudo foram constituídas a partir da presença dos carreteiros. O espaço regional deve muito a eles. É isso que precisamos resgatar. Esta obra marca o momento alto dessa profissão e também a marcha para seu declínio, porque o caminhão está logo aí, para tomar conta das estradas.
Ano: 2000
Edição: 1ª
Editora: EST Edições
Idioma: Português
Páginas: 114
Papel: Ofício