O ato de escrever poesia assemelha-se ao da colheita. O poeta com todo requinte de procedimento que merece colher frutos do coração vai á fonte da sua alma, e através de uma misteriosa dança de sedução enleva-se pelas palavras, então o mundo que julgava somente seu delineia-se, toma forma, escorre de suas mãos e tinge o papel de encantos. Porém, o milagre maior ainda está por vir, o mundo outrora névoas, agora encanto é embebido por milhões de olhos que ora os fragmentam, ora os revertem em um contínuo, cuja trajetória perpassa os sentidos e encontra a plenitude no recanto mais íntimo da alma de cada leitor.
O presente livro contém a obra de duas poetisas e um poeta, autores cuja contemporaneidade não os coloca em situação de correspondência perfeita, o que enriquece ainda mais esta coletânea uma vez que dela emerge o elemento eternidade, o qual reveste toda a poesia como um invólucro invisível contornando a silhueta e o conteúdo de cada poema, confirmando assim seu caráter transcendental. O que o leitor encontrará em cada poema é, na verdade, a concretude de sonhos, traduzidos por um arranjo doce e harmonioso de palavras, que de agora em diante alçarão voo distanciando-se de seus criadores e expandir-se-ão em luz sob os olhos de todos, que depositará na alma como se dela própria tivessem nascido.
Ser poeta é aceitar que é possível reconstruir o mundo em sonhos, e assim reaver sua gênese da perfeição.