A presente publicação, parte do levantamento de fontes primárias, lança luzes na história ainda não escrita da colonização italiana que desde 1875 foi povoando o solo gaúcho. Os relatos servem para revelar a personalidade de alguns padres que, talvez sem o perceber, escreveram algumas das páginas mais lindas da história eclesiástica gaúcha. Incompreensões eventuais, tempestades, longas marchas a cavalo, língua estrangeira, mata virgem, revolução, acidentes, horas a fio de confissão ou de pregação e catequese, tudo isso vai desfilando ao natural diante dos olhos do leitor, pois aqueles velhos padres haviam-se entregue de corpo e alma à causa que abraçaram.
Através desta obra o leitor poderá perceber que a vida dos imigrantes, nos primeiros tempos, não foi tão calma como se poderia supor, havendo mesmo motins.Os colonos, logo ao chegarem lançaram-se com ardor ao cultivo do trigo e da parreira e desde cedo se tornaram conhecidos como amantes do bom vinho. O status social de capela foi causa de muitas desavenças entre eles.
Dois aspectos são ressaltados pelo autor nesta obra: Num primeiro momento destaca, o clero, tanto nativo como europeu, que em fins do século trabalhou no RS. Com diversas exceções, tratava-se verdadeiramente de “lobos vestidos com pele de ovelhas”. Não causa admiração, pois, o fato de que o povo se afastasse da religião. Os prelados locais travaram uma longa batalha para modificar esta situação e foi mesmo necessário que a Santa Sé interviesse, para coibir abusos dos aventureiros que deixavam a Europa geralmente a Itália, não para anunciar o reino de Deus, mas para, no Novo Mundo, vivre la vie. E num segundo momento, está o fato histórico da Revolução Federalista de 93/95 volta a aparecer em toda sua crueldade. Assaltos, assassinatos em massa, pele humana usada como tento para trançar laço fazem parte de um capítulo macabro da história gaúcha. E, como não poderia deixar de ser os inocentes, que nada tinham a ver com o caso, acabaram sofrendo os horrores da luta: os animais, as vestes, os produtos, quando não a vida, foi o tributo pagão pelos colonos aos contendores.
Ano: 1978
Edição: 1ª
Editoras: EST Edições e EDUCS
Idioma: Português
Páginas: 126
Papel: Ofício