Esqueça a Porto Alegre provinciana. A capital gaúcha de boa parte dos anos 20 e pelas duas décadas seguintes eram uma cidade cosmopolita, com vida social trepidante, repleta de baotes, teatros, cinemas, bailes, emissoras de rádio e com um público ávido por consumir tudo isso. Neste cenário, dois personagens se destacaram: o compositor Lupicinio Rodrigues e o cantor Alcides Gonçalves, o Voz do Trovão. E é este artista - tão importante quanto pouco conhecido, que o autor revela nesta obra. Nestas páginas renasce um intérprete de perfil elegante e possantes recursos vocais que, com Lupi, manteve uma relação próxima e conturbada, marcada por idas e vindas.
Tantos desencontros não impediram o surgimento de obras primas como: Cadeira Vazia, Castigo, Maria Rosa, e Quem há de Dizer, clássicos que deram ao samba um sotaque gaúcho e fizeram a dupla merecer o respeito e a admiração de bambas como Noel Rosa, Orlando Silva, Francisco Alves e Carmem Miranda. Trilhando seu próprio caminho, Alcides Gonçalves foi aplaudido por públicos do Rio de Janeiro, São Paulo, Montevidéu e Buenos Aires, e mesmo afastado dos palcos, passou os últimos anos de vida sendo homenageado e reverenciado por quem sabe dar valor à boêmia. Como se uma seresta pudesse durar por noites sem fim.
Ano: 2011
Edição: 1ª
Editoras: Letra&Vida e Da Cidade
Idioma: Português
Páginas: 180
Papel: Ofício