Na edição de 23 de Janeiro de 1924, os leitores do Jornal Correio Riograndense foram apresentados a um estranho personagem: Nanetto Pipetta. O texto explicava que Nanetto havia nascido na Itália e viera para a América em busca da cucagna, uma mistura de sucesso e utopia. De edição em edição até 1925 os leitores criaram imensa simpatia com este imigrante. Ingênuo, esperto, puro, trabalhador, ele personificou todos os que vieram da Itália para o Mundo Novo. É a saga da imigração italiana refletida nestas páginas antológicas, de alguma maneira, certidão de batismo do Talian. É um romance pitoresco que narra às peripécias do herói homônimo, um adolescente que deixa a Itália para vir à América onde enfrenta de uma forma um tanto caótica a natureza e o meio, desaparecendo, ao final.
O autor traça um panorama magistral e fiel do mundo do imigrante italiano nas terras do extremo Sul do Brasil. A rudeza do pioneiro, a rudeza do ambiente, as relações econômicas, o mundo cultural e religioso, as relações familiares, tudo aí está, em uma narração que consegue ser uma fidelidade impressionante, mesmo para quem viveu aquele mundo do qual Nanetto Pipetta é hoje das únicas coisas e sem dúvida a mais importante que dele relataram. Ele foi o livro pelo qual muitos imigrantes de primeira, segunda e até terceira geração aprenderam a ler, ou do qual, pelo menos, ouviram as peripécias nas longas noites de inverno em torno do fogolaro, chapa ou do fogão, e possivelmente, onde a tradição religiosa se mantivera com maior vigor, depois da reza do terço em família.