A cogitação deste livro surgiu pela destinação magnífica de perenizar a lembrança da presença do Negro nos festejos do biênio da colonização e imigração do RS. Trata-se de um trabalho de alta valia pela preciosidade dos dados exaustivamente recolhidos na “precariedade das fontes disponíveis sobre o assunto”. O historiador faz do seu livro a atestação solene da grande reparação e torna possível a reconstituição de capítulos importantes de cerca de três e meio séculos de história dos africanos negros e descendentes do RS, bravos e desconhecidos de nossa História, oferecendo subsídios com base histórico-científica a todos os interessados. O autor leva suas pesquisas aos primórdios da escravidão negra, nos idos de 1434, com a difusão do Maometismo pelos árabes ao norte da África e a formação do eixo comercial com os portugueses. Estuda depois a escravidão africana na América, com a fracassada tentativa de cativar os índios e chega finalmente ao Brasil, para situar-se no RS.
E de pronto registra na Paz de Ponche Verde, final da Revolução Farroupilha a primeira libertação em massa de escravos negros no Brasil. Livro honesto e de leitura acessível, apresenta um estudo escrupuloso corroborado por uma seleção de trabalhos de figuras exponenciais das nossas letras e busca, apenas, na imponência de seus contornos enfocar a realidade negra na vida rio-grandense em três séculos e meio de convivência efetiva. Pelas muitas e bem ordenadas páginas do livro, no desfile animado das gerações, passa toda a multidão negra de personagens que viveram e vivem ainda, o processo evolutivo da História, desde aqueles que sentiram atrás de si o ranger dos portões da senzala que para sempre se fechavam, até os eleitos que conquistaram a suprema glória da imortalidade, recolhidos ao Panteão da Pátria, como apóstolos, gênios, santos, mártires, heróis, predestinados todos, ou ainda os que, aí estão nos mais variados departamentos da atividade social, honrado e representado a linhagem negra. O autor desta obra preenche com raro brilho e indiscutível autoridade uma sentida e injustificada lacuna no painel da literatura rio-grandense e registra para o tempo, em letras de outro, a extraordinária realização que foi o singular evento.
O autor revela, “esperamos que o leitor se surpreenda como nós nos surpreendemos ao longo de nossa pesquisa histórica, realizada sob a inspiração do Governo e Povo do RS que em muito boa hora resolveram, numa iniciativa sem precedentes homenagear os rio-grandenses de ascendência africana negra que ajudaram a construir a grandeza do RS durante quase três séculos e meio. O Governo e Povo do RS resgatarão, assim, uma grande dívida histórica”.
Ano: 1976
Edição: 1ª
Editoras: Grafosul, IEL, DAC e SEC
Idioma: Português
Páginas: 228
Papel: Ofício