Além do humor a lembrar o leitor de que está lindo ficção, há uma certa dor que percorre vários contos. Dor própria do presente, das grandes cidades. Parece importante pensar a escolha de Pele de Osga para abrir o livro. A história de um escritor enrodilhado em sim mesmo e que se desencanta de sua escrita. Ocupa Porto Alegre também foi nome de um recente movimento que tomou a Praça da Matriz por mais de três meses, em protesto contra a urbanização desumana, a especulação imobiliária, o transporte coletivo caro e precário, a violência urbana. Enquanto livro, incorpora a ideia de ocupação do espaço público, como no conto da menina que se encanta em sua primeira visita ao Parque Redenção. De certo modo, há o mal estar da falta de lugar, mas há também a cidade ocupada pela imaginação e pelo jogo literário. Ocupação que permite um deslocamento do olhar, uma desnaturalização da seriedade com que nos empenhamos cotidianamente em desumanizar a cidade...
Ano: 2014
Edição: 1ª
Editoras: Letraevida e Ed. da Cidade
Idioma: Português
Páginas: 122
Papel: Ofício