Os eventos e as figuras que se situam entre o Cisma do Ocidente e a Reforma do século XVI mostram mais a unidade da Cristandade do que sua desintegração, pois quase toda a discussão e os textos se processam em latim, o tema fundamental é o do poder sagrado no Cristianismo, a base filosófica é a aristotélica, a referência mais importante é a das Sagradas Escrituras, a argumentação se faz prioritariamente apoiada do direito romano. Os personagens que, nestas páginas, passam diante dos olhos do leitor e povoa a imaginação, mostram frequentemente intenções válidas, mas opostas, positivas querendo destruir a contrária, críticas fundamentadas, e uma austera dignidade: quase todos, professores, todos teólogos, alguns cardeais, outros místicos, e não faltam párocos e pregadores.
Papas, dignitários eclesiásticos, reis e senhores feudais completam o imenso cenário, e destes nem todos são isentos de suspeita, pois são movidos mais por interesses e por desejo de poder do que por intenções religiosas. A realidade humana nos aparece demasiado complexa e difícil de julgar: o envolvimento político-religioso convidava à corrupção e à ambiguidade, mas nem todos se deixaram envolver desse modo e muitos condenados devem ser reabilitados.
Transparece a riqueza de doutrinas que se expandiu em controvérsias sutis, onde de algum modo todos tinham razão, e as soluções vieram pelo autoritarismo, às vezes pelos ardis e traições. Mas do meio das enredadas discussões sobre o poder do Papa e do Concílio surgiram fortes argumentos mais tarde utilizados na defesa e consolidação do poder civil, mas, ainda não absorvidos nas questões do poder religioso.
Ano: 2011
Edição: 1ª
Editora: EST Edições
Idioma: Português
Páginas: 236
Papel: Ofício