E dizer que foi preciso rolar 300 anos, três séculos de luta, vento, onças, vendavais, índios, forca, degola, tormentas, cansaço, suor, temporais, lágrimas, fuga, ciclones, prisão, guerras de fronteira e sete revoluções para a gente enfim curtir num fugaz fim de semana na praia, aquele vidão. Assim termina Rodeio dos ventos, a clássica obra de Barbosa Lessa, resumindo num parágrafo a longa história do Rio Grande do Sul, artisticamente recriada, que é o próprio conteúdo do texto.
Começando com a lenda da criação do céu e da terra, ato primal de Nhanderuvuçu, a força de Si Mesmo, e encerrando a longa odisseia com um prosaico fim de semana num camping, Rodeio dos ventos transporta o leitor ao longo de três séculos de história de uma sociedade complexa em sua origens e rica sem seus feitos, na qual se destacam índios, padres, soldados, aventureiros e imigrantes de longínquas terras europeias. Todos eles misturados num caldeirão cultural que começou a formar-se em tempos da Idade da Pedra e atinge hoje a era dos aviões a jato.
Basta começar a ler esta obra de Barbosa Lessa pra compreender por que ela se tornou rapidamente um dos títulos clássicos da literatura do Rio Grande do Sul.