O interesse pela vida de Paco ainda não esmoreceu, ao contrário, tem se ampliado, alimentando a curiosidade dos pesquisadores os quais procuram desvendar e analisar a trajetória deste mito que permanece vivo na memória dos habitantes da serra gaúcha. Ele parece que veio de um filme de “Far West”, saltando do pingo empinado.
Herói de capa e espada, de poncho e bacamarte, a sua sombra assola as povoações e as colônias por onde o Rio das Antas rola e rumoreja diante das vertigens verdes das serras, por cujos flancos se alcantilam os parreirais que tremem. Corre uma lenda que prestigia sua figura de caudilho e bandoleiro, intangível pelas balas dos que se defendem dos seus assaltos e pelas autoridades policiais que o procuram prender. A superstição popular o colocou em confabulações diabólicas e lhe deu o dom de intangibilidade, mercê da qual escapa das armadilhas que lhe são armadas.
E ele, que parece ter surgido de um cenário bárbaro, afronta meio mundo, como um ciclone destruidor e leva de vencida os obstáculos que lhe são opostos. Vai, pelas serras a pique, o poncho ao vento, a garrucha na mão, o olhar aceso em chama e sangue, deixando atrás de si a poeira que levanta nas estradas, o murmúrio de lágrimas e queixas, o tumulto de imprecações de revolta, traçando pelas serras a trilha das suas façanhas, escritas a ferro e a fogo.