É uma obra de uma historiografia alternativa, a única capaz de levar ao leitor o conhecimento do que foi a vida dos grupos deserdados que, à procura de uma chance de sobrevivência, partiram em massa da Europa, rumo às terras virgens do Rio Grande do Sul. Se algo existe nela que nos chama a atenção, não são os lances épicos que não os há: trata-se do sofrimento, da penúria, da privação, da constância, da alegria do pobre que sorri quando tem comida, que canta quando consegue um par de sapatos, que se sente vencedor quando é nomeado professor de uma escola primária.
Não se trata, pois, de um livro ditado por um novo rico, desejoso de penetrar no mundo de valores que o dinheiro apenas não lhe consegue abrir. É um livro singelo, de quem foi pobre e, mesmo com um padrão de vida modificado, jamais deixou de identificar-se com seu grupo de proveniência. A autora que contou sua própria vida acabou de contar a vida de todo um mundo de agricultores que, como ela, e apesar de todos os percalços, sempre mantiveram latente a esperança de que aos pobres é possível constituir um mundo diferente, no qual cada qual possa dizer sua palavra.
Ano: 1984
Edição: 1ª
Editoras: EST Edições e EDUCS
Idioma: Português
Páginas: 144
Papel: Ofício